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Lembra da vez que dormimos entrelaçados na minha cama e perdemos completamente a noção do horário? Essa sempre vai ser uma das memórias mais queridas que eu tenho de nós. Acho que é um bom final: os dois emaranhados nos braços do sono.
Desse dia não tenho nada a reclamar, também não sei o que mais colocar aqui. Talvez eu já não consiga explorar tão bem tudo que senti durante nosso relacionamento. Talvez essa personagem já esteja distante demais de mim. E tudo bem. Tá na hora de deixar a gente ir e descobrir quais outras histórias eu consigo contar.
Há um ano estávamos em Pirenópolis. Eu amei aquele Natal. Eu amei estar em um lugar aconchegante. Eu amei a felicidade do Bernardo naquele final de semana. Mas hoje consigo perceber que não amei você. Não amei todas as suas demandas, a falta de tranquilidade. Não amei não ganhar nenhum presente. Não amei quanto esforço eu fiz e o quanto recebi de volta. Talvez eu não tenha nem amado tanto assim o sexo na mesa. Senti como se fosse um mero cavalo. Levando você para os lugares que queria ir, sem preocupação com meu bem estar. Uma equitação completamente egoísta.
Derrubar minha autoestima parecia ser sua missão. Quando você disse que ficava imaginando meu “corpo de academia”. Quando comentou que cabelo liso não era bonito. Bonito era o cabelo cacheado da sua ex antes de ela estragar. Quando eu me arrumava e você nem sequer olhava duas vezes, ou então seu primeiro comentário sobre minha aparência era negativo. As vezes que você me fez sentir incomodada na minha própria pele e eu nem conseguia articular o porquê. Os nudes de outras garotas curtidos no twitter. Espero que você nunca mais fique com alguém tão bonita quanto eu. Você não merece.
Há uma quantidade finita do quanto posso processar. Eu não consigo absorver todas as informações na minha frente. Só a mensagem principal. Traidor. Espero a raiva vir. É assim que as pessoas geralmente reagem, não é? Em vez disso choro. Uma tristeza infinita em um rosto forrado de lágrimas. Sinto tantas coisas quebrando aqui dentro. Auto estima. Confiança. Esperança. É tudo demais. Eu sequer confio em mim para ter uma reação que me deixe orgulhosa. Isso é o que mais dói. Continuei tentando depois de ser traída e uma parte de mim vai demorar muito para me perdoar por isso.
Eu sinto sua falta. Não vou negar. Sinto falta quando meu ralo entope, quando minha lâmpada queima e quando esqueço de colocar água no carro. Sempre admirei o quanto você era bom com consertos. Talvez se tivesse te dado aquela caixa de ferramentas que pediu, você conseguiria nos consertar. Alicate para remover mágoas. Trena para medir o amor. Morsa para segurar nós dois juntinhos. Fita para tapar os problemas…
Uma vez você me falou que não precisava me incomodar com aprender a trocar a resistência do chuveiro. Que você faria isso por mim sempre. Sinceramente? Eu prefiro um banho gelado.
Eu nunca me senti tão não eu. Queria desesperadamente que os traços de personalidade que adquiri nos últimos meses fossem delírios coletivos. Queria não ser essa pessoa ciumenta, insegura e instável. E sim, talvez co-dependente. Eu não me reconhecia e te culpava por isso. Mas a culpa não era sua.
Desculpa pelas brigas que estouraram sem aviso. Desculpa por gritar, por rosnar, por xingar. Por invadir sua privacidade. Por todo o ressentimento. Desculpa pelas cobranças por afeto. E desculpa por falar mal de você para os meus amigos. Mas acima de tudo: desculpa por não ter ido embora mais cedo.
A gente comeu tanta comida gostosa durante nosso relacionamento. Vou sentir falta das experiências gastronômicas e sexuais. Eram as melhores partes. Talvez não tenha sido tão fora de tom você me pedir em namoro quando saímos pra comer macarrão e depois transar no estacionamento.
Massa e orgasmo. Motel e bomba. Suponho que seja uma boa dinâmica, já que durou tanto tempo. Tínhamos tanta sintonia na cama quanto na cozinha. Era bom. Talvez nosso erro tenha sido querer demais. Deveríamos ter deixado as coisas simples como o macarrão que fazíamos ao chegar bêbados. Tentamos fazer uma lasanha em vez disso. Queimamos.
Tudo era uma bagunça quando eu cheguei. Mas lá vou eu com meu complexo de salvadora. Escolhi adotar essa bagunça. Até deixei a minha de lado para poder arrumar a sua. Mesmo quando a pandemia chegou e a vida de todo mundo parou, eu não senti. Minha existência já estava condicionada a sua. Seus horários, seus amigos, seu filho, sua família, suas necessidades. E eu me sentia inserida em sua vida por causa disso.
Eu não fiz parte da sua vida, eu só ajudei. Precisar de alguém o tempo todo não é vulnerabilidade. Você não era vulnerável comigo, era incompetente.